Por Fabíola Ortiz
RIO DE JANEIRO, 19 Junho (TerraViva) – O alerta é global: um terço das espécies no mundo correm risco de extinção. São quase 20.000 espécies em perigo, anunciou a União Internacional para a Conservação da Natureza que lançou, nesta terça-feira, dia 19 de junho, a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas durante a Conferência Rio+20.
O estoque de alimentos, água limpa e a sobrevivência de milhões de pessoas podem estar ameaçados pelo rápido declínio das espécies de animais e vegetais do planeta.
Segundo levantamento de 63.837 espécies, 19.817 estão ameaçadas de extinção, das quais 41% dos anfíbios, 33% dos corais formadores de recifes, 25% dos mamíferos, 13% das aves, e 30% das coníferas.
A lista vermelha publicada pela IUCN (sigla em inglês para International Union for Conservation of Nature) é um “indicador crucial da saúde da biodiversidade mundial”, segundo o estudo.
“A sustentabilidade é uma questão de vida ou morte para a população do planeta. Um futuro sustentável não será possível se não conservarmos a diversidade biológica, bilhões de pessoas dependem da biodiversidade”, alertou a diretora geral da IUCN, Julia Marton-Lefèvre.
A lista vermelha revela ainda que os ecossistemas de água doce estão sob “grave pressão” devido ao aumento populacional e à exploração desenfreada dos recursos hídricos.
Os peixes de água doce também correm risco em razão de “práticas pesqueiras insustentáveis e pela destruição do seu habitat pela poluição e construção de barragens”.
Um quarto da produção pesqueira mundial de água doce está no continente africano, porém 27% dos peixes na África estão ameaçados de extinção.
A pesca excessiva já reduziu mais de 90% de alguns estoques de peixes comerciais. Além disso, 36% das arraias estão ameaçadas de extinção.
Segundo a IUCN, mais de 275 milhões de pessoas dependem dos recifes de coral para alimentação, proteção da orla marítima e sobrevivência. A pesca em recifes de coral no mundo movimenta US$ 6.8 bilhões anuais.
No entanto, a pesca desenfreada afeta 55% dos recifes mundiais e, segundo a Lista Vermelha, 18% das garoupas, uma família de grandes peixes de recife de importância econômica estão ameaçadas.
O apelo do estudo é para que os recifes de coral sejam gerenciados “de forma sustentável para assegurar que continuem a fornecer a fonte de proteína essencial da qual dependem milhões de pessoas”.
Segundo a Lista Vermelha, 16% das borboletas endêmicas da Europa estão ameaçadas. Os morcegos também estão em risco, com 18% ameaçados mundialmente. Borboletas e morcegos são polinizadores e, de acordo com a IUCN, pelo menos, um terço da produção mundial de alimentos, 87 dos 113 principais cultivos alimentícios, dependem da polinização efetuada por insetos, morcegos e aves. Este serviço prestado pelo ecossistema é avaliado em mais de US$ 200 bilhões por ano.
“A mudança para uma economia verde exige o reconhecimento do papel que a biodiversidade e os ecossistemas desempenham nos assuntos econômicos. A biodiversidade é o alicerce do ‘verde’ na transição para uma nova economia. Um futuro realmente sustentável só será possível se os líderes na Rio+20 buscarem soluções que conservem a biodiversidade e, ao mesmo, tempo apóiem a sobrevivência e criem oportunidades de investimento empresarial”, argumentou a diretora global do Grupo de Conservação da Biodiversidade da IUCN, Jane Smart.
Aproximadamente 43% das espécies de serpentes endêmicas no sudeste asiático estão vulneráveis ou em perigo de extinção em razão do seu uso insustentável. As serpentes são utilizadas como medicinas tradicionais e fabricação de soro anti-ofídico, além de serem uma fonte de renda através da venda do couro.
“Em alguns países, plantas medicinais e animais fornecem a maior parte dos medicamentos e, até mesmo em países tecnologicamente avançados, como os EUA, a metade dos 100 medicamentos mais receitados provém de espécies selvagens”, informa o relatório.
A Lista Vermelha da IUCN contribui para atingir uma das metas do plano estratégico para a Biodiversidade para 2020.
Dados de espécies e perigo:
Total de espécies ameaçadas = 19.817
Extintas = 801
Extintas no habitat selvagem = 63
Seriamente Ameaçadas = 3.947
Ameaçadas = 5.766
Vulneráveis = 10.104
(FIM/2012)
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