Por Fabíola Ortiz
RIO DE JANEIRO, 18 Junho (TerraViva) – O mundo se comprometeu até agora a restaurar apenas 18 milhões de hectares de florestas até 2020, o que corresponde a apenas 12% da meta de 150 milhões de hectares acordada no Desafio de Bonn, na Alemanha, em 2011.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 18 de janeiro, durante a Conferência da Rio+20 pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) que fez um apelo global para que mais países se unam à corrente voluntária e comprometam-se a reflorestar e a recuperar as áreas verdes no mundo.
Existem atualmente 2 bilhões de hectares no planeta que precisam ser restaurados, alerta o diretor de Soluções Baseadas na Natureza da IUCN, Stewart Maginnis.
“Queremos ver ações reais, temos que enfocar nesta meta para os próximos 10 anos de 150 milhões de hectares. Já temos um pouco mais de 10% de compromisso firmado. Este é o primeiro passo, temos já conversado com outros governos e acho que daqui vamos avançar até o final do ano”, garantiu à IPS Maginnis.
Pelo fato de ser uma adesão voluntária, não haverá nenhum tipo de punição para os países que aderirem. No entanto, Maginnis admitiu haver “muito entusiasmo” por parte dos países que estão na Rio+20.
Segundo o próprio presidente da IUCN, Ashok Khosla, as vantagens em restaurar florestas são muitas e com grandes impactos positivos nos ecossistemas e na biodiversidade.
“A meta para 2020 é passível de ser alcançada, mesmo que ambiciosa. Serão necessários U$S 18 bilhões de dólares de investimentos por ano”, anunciou Khosla.
Somente o Serviço Florestal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos anunciou que irá restaurar 15 milhões de hectares.
O governo de Ruanda também já assumiu o compromisso de recuperar 2 milhões de hectares.
O Brasil, através do pacto Restauração da Mata Atlântica, uma coalizão de agências governamentais, ONGs e setor privado, divulgaram que pretendem recuperar 1 milhão de hectares no país.
Segundo avaliações da União Internacional para a Conservação da Natureza, a restauração de 150 milhões de hectares injetaria U$S 80 bilhões na economia global e seria capaz de reduzir em 17% o buraco das emissões de gases de efeito estufa que tem forte impacto nas mudanças climáticas.
Segundo Gustavo Sánchez, presidente da Rede Mexicana de Organizações Camponesas Florestais e integrante da Aliança Mesoamericana de Povos e Bosques, somente na região da América Central, há 20 milhões de hectares de áreas verdes que precisam ser recuperadas.
“Há muitos exemplos de insucesso de reflorestação com fins propagandísticos. É preciso desenhar uma política de ciclo de cultivo do bosque, plantar uma árvore é apenas um dos passos, o seguinte é definir o modelo de como vai ser feita essa restauração. Nós propomos uma reflorestação produtiva com um objetivo ecológico e sustentável”, disse à IPS Sánchez.
O representante da Aliança Mesoamericana defende ainda a criação de um fundo de manejo sustentável para a região, mas admite que não há uma articulação interregional entre os governos. “Mas a nível nacional, cada um já pode começar a incentivar um fundo para garantir linhas de crédito”.
Campanha ‘Plante um Compromisso’
Para conseguir apoio público para o Desafio de Bonn, a ativista Bianca Jagger fez um apelo global para a campanha online “Plante um Compromisso” (em inglês Plant a Pledge).
“Esta é a maior iniciativa de restauração de florestas que o mundo já viu. Não há mais como continuar a degradação do ecossistema. Quando atingirmos as metas, vamos ver os impactos tangíveis para as futuras gerações. Este é apenas o começo, ainda temos que convencer os políticos no mundo todo. Temos que reduzir a lacuna que há entre governos, assunção de compromissos e emissões de carbono”, defendeu Jagger que é a embaixatriz da campanha.
Segundo o relatório publicado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre o estado das florestas no mundo (em inglês State of the World’s Forests 2012 – SOFO), as florestas são a melhor forma de estoque de carbono, pois são capazes de armazenar 289 gigatoneladas de carbono e ainda servir de arma para mitigar as mudanças climáticas. As florestas abrigam dois terços da biodiversidade terrestre.
O diretor da IUCN defendeu ainda que os negociadores do documento final da conferência reavaliem a importância de restaurar as florestas no mundo e incluam novamente este ponto na declaração da Rio+20.
“Ficamos desapontados porque a restauração de floretas estava no texto original e foi retirada. O que está escrito no documento hoje não inclui ações agroflorestais que melhoram a conservação do solo. Queremos que os negociadores reconheçam a importância da restauração das áreas verdes. Este tema deve retornar à pauta”, argumentou Maginnis. (FIM/2012)
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