Por Mario Osava
RIO DE JANEIRO, 18 junho (TerraViva) – A grande expansão mineira e energética da América Latina en América Latina está destruindo manguezais, que são indispensáveis para a vida não só nos mares, alertou Esperanza Salazar na Cúpula dos Povos.
Um exemplo é a unidade de regaseificação que o México implantou no Porto de Manzanillo, estado de Tolima, na costa do Pacífico, para processar o gás natural importado do Peru.
As obras complementares, um gasoduto, ampliação de vias de transporte e construção de canais, além de termoelétricas e industrias, estão devastando os manguezais da Lagoa Cuyutlán, que concentra mais de 3.000 hectares desse tipo de ecossistema, lamentou a representante da Redmanglar Internacional. Trata-se uma das áreas pantanosas mais importante do país, salientou à IPS.
Esperanza, que dirige a ONG Bios Iguana, de Tolima, participa dos debates na Cúpula dos Povos estabelecendo a relação dos manguezais com os vários temas em discussão, como mineração, mudanças climáticas e a Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação das florestas, a REDD.
A REDD é uma falsa solução e muito mais preocupantes as pretensões de incluir os manguezais nesse esquema, com que se ampliaria o mercado de carbono, segundo a posição da Redmanglar.
Os manguezais fixam seis vezes mais carbono do que as florestas de outras áreas, sendo portanto uma fonte de grandes negócios que, além de permitir a degradação territorial, prejudicaria numerosas comunidades ribeirinhas, principalmente de pescadores artesanais, argumentam os membros da rede.
Esses ecossistemas vitais para a reprodução da vida marítima são ameaçados por muitas atividades econômicas, além das alterações nos rios por represas e as industrias extrativas. Grandes projetos turísticos em áreas costeiras, portos, a poluição industrial e petroleira e a aquacultura de camarões estão entre elas.
É preciso reconhecer, no caso das hidroeléctricas, que seus impactos se espalham também rio abaixo, não só rio acima, repercutindo nos ecossistemas costeiros e portanto nos manguezais, reivindicou Esperanza.
A economia verde, proposta pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente com a adesão dos governos, representa uma ameaça geral, ao promover um crescimento econômico baseado em intenso uso dos recursos naturais e os vários mecanismos de compensação pelas emissões de carbono e desmatamentos, temem os ativistas presentes na Cúpula dos Povos.
Outro fator de aumento da devastação seria a adoção, no caso do Brasil, de um código florestal como o que se está gestando no Congresso Nacional, numa reforma da antiga lei, apesar dos vetos da presidente Dilma Rousseff a varias modificações aprovadas pelos parlamentares.
(FIM/TerraViva)