Dinheiro para a mobilidade sustentável

Posted on 20 June 2012 by admin

Por Fabíola Ortiz
RIO DE JANEIRO, 20 Junho (TerraViva) – O conjunto dos oito maiores bancos de desenvolvimento do mundo anunciaram, nesta quarta-feira, dia 20 de junho, um investimento inédito de U$S 175 bilhões em projetos de sistemas de transportes sustentáveis.
O compromisso firmado durante a Rio+20 tem como meta priorizar projetos de mobilidade nos países em desenvolvimento ao longo de uma década. O setor de transportes é uma das principais fontes de emissão de gases de efeito estufa no mundo, resultado de décadas de um planejamento urbano centrado na mobilidade através de carros particulares em detrimento do transporte público.
O congestionamento, a poluição atmosférica, os acidentes de trânsito e os efeitos das mudanças climáticas podem gerar prejuízos anuais de 5% a 10% do PIB (Produto Interno Bruto) dos países.

“Pela primeira vez, organismos multilaterais oferecem ajuda para investir na área de mobilidade em países em desenvolvimento. É uma iniciativa pioneira que substitui a visão de desenvolvimento tradicional que investia em rodovias em prol de um desenvolvimento social e equitativo. A comunidade internacional nunca tinha se comprometido em investir recursos deste porte”, disse à IPS Ramon Cruz, gerente executivo do programa de sustentabilidade do Instituto para Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP, na sigla em inglês).

Os compromissos voluntários são resultado da campanha ‘Parceria sobre Transportes Sustentável de Baixo Carbono’ (SloCaT, em inglês), através de uma pareceria internacional que reúne o Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-HABITAT), organizações não governamentais como o ITDP, empresas e bancos de desenvolvimento multilateral (MDBs).
A campanha SLoCaT foi criada em 2009 para defender o transporte sustentável de baixo carbono. No total, foram assumidos 16 compromissos voluntários sobre o transporte sustentável por 13 organizações. Na lista das instituições financeiras estão o Banco Asiático de Desenvolvimento, o Banco Africano, assim como o Banco Interamericano, o Banco Mundial e o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento.

Modelos inovadores de transporte podem ser mais sustentáveis. Crédito: IPS/TerraViva

“Só o Banco Asiático, na última década, realizou 80% de seus investimentos em rodovias e apenas 2% para transporte sustentável. A grande novidade é que estes bancos estão enfocando no transporte público e de massa ”, argumentou Ramon Cruz.
Segundo o gerente do ITDP, um dos grandes desafios para a economia verde é promover uma mobilidade integrada com sistemas de transporte intermodal com corredores de ônibus (BRT – Bus Rapid Transit) e sistemas intermodais de transporte interligando trens, metrô e ciclovias, especialmente nas economias emergentes.

“Esta é uma forma eficiente se um país quer reduzir as suas emissões de carbono e contribuir para evitar as mudanças climáticas. Pensar num mundo mais sustentável é preciso pensar nos centros urbanos”, destacou Cruz.

Nas cidades, a maior parte das viagens diárias de seus moradores é de 2 km e podem ser perfeitamente feitas em bicicleta. “As cidades devem incluir o pedestre. A gente quer uma cidade que o pedestre possa desfrutar”, salientou.

Ramon Cruz defende ainda que os centros urbanos tracem estratégias de mobilidade a partir de suas demandas e carências.
O rápido ritmo de urbanização do mundo inteiro está transformando o setor de transportes. Enquanto a América Latina é uma região altamente urbanizada, as cidades da África e especialmente da Ásia continuam a explodir em tamanho e em adensamento urbano.

A previsão, segundo a SloCaT, é de que somente China e Índia incluirão 500 milhões de pessoas à sua população urbana nos próximos 20 anos. Essa expansão exigirá sistemas de transportes que possam prevenir ou controlar os padrões de expansão desordenada e o congestionamento e garantir um acesso adequado a bens e serviços.

“Este enorme compromisso com relação aos transportes é uma importante contribuição para colocar em funcionamento esforços colaborativos de financiamento de longo prazo e podem ajudar a uma implementação eficaz e mensurável das metas de desenvolvimento sustentável”, afirmou Brice Lalonde, um dos dois coordenadores executivos da Conferência Rio+20. (TerraViva)
(FIM/2012)

 

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