Por Alice Marcondes
RIO DE JANEIRO, 18 junho (TerraViva) – Um documento que reafirme o empoderamento das mulheres e sua importância para o desenvolvimento sustentável é o que espera a diretora-executiva da ONU Mulheres e ex-presidente chilena, Michelle Bachelet, dos Diálogos para a Sustentabilidade na Rio+20.
Os debates têm o objetivo de propor um texto que será enviado aos chefes de Estado a partir do dia 20.
Para Bachelet as mulheres de todo o mundo não devem ser apenas beneficiadas pela criação de políticas globais mais inclusivas, precisam ser agentes dessas mudanças.
“É necessário que as mulheres tenham ferramentas para garantir a igualdade de gênero e assim ocupar posições de liderança nas esferas política, econômica e social”, disse Bachelet em uma entrevista coletiva concedida na manhã de hoje (18), no Riocentro, local que sedia o encontro.
Apesar de o texto elaborado conter dois parágrafos específicos sobre a temática, o pensamento de Bachelet é de que o assunto é transversal.
“É algo que permeia todos os temas e nesse sentido o resultado é positivo, mas alerta que sempre é possível melhorar. As mulheres podem contribuir com todas as áreas do desenvolvimento sustentável, da erradicação da pobreza à proteção dos oceanos.”
A ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Brundtland, que foi a primeira mulher a governar seu país, também estava presente na coletiva e, assim como Bachelet, disse acreditar que o mundo já deu passos rumo à igualdade de gêneros, porém, o caminho ainda é longo.
“Na Rio 92 a percepção quanto ao papel da mulher existia, mas era insuficiente. Isso evoluiu, mas ainda é um tema negligenciado em muitos países. Agora é hora de acordar e concordar que o investimento nas mulheres é um grande catalisador para o desenvolvimento sustentável”, afirmou.
A ampliação da participação das mulheres na política, na economia e na sociedade como um todo, foi apontada por ambas como fator claro de desenvolvimento.
Segundo Brundtland, “nos países onde as mulheres estão presentes no governo, no parlamento ou em lideranças, o desenvolvimento do país é maior”.
Já Bachelet, lembrou que, apesar de a participação feminina na ocupação dos postos de trabalho em toda a América Latina ter crescido 53% nos últimos anos, a presença ainda é maior no setor informal ou em cargos menos privilegiados.
“As mulheres são menos de um décimo dos chefes de Estado e de governo, menos de um quinto dos membros do Parlamento, e menos de 4% dos presidentes das 500 maiores empresas do mundo. Isso tem que mudar. Homens e mulheres são igualmente capazes na tomada de decisão”. (FIM/2012)