Por Fabíola Ortiz
RIO DE JANEIRO, 21 Junho (TerraViva) – Apesar de a versão final da declaração da Rio+20 não incluir metas definidas para o desenvolvimento sustentável, as chamadas SDGs em inglês (Sustainable Development Goals), os países amazônicos se lançaram à missão de sair da Conferência das Nações Unidas no Rio de Janeiro com a definição de metas de desenvolvimento sustentável para a Amazônia, como o desmatamento zero para 2020.
O coordenador da Iniciativa Amazônia Viva da Rede WWF, Claudio Maretti, disse à IPS que a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) tem o desafio de acordar entre os oito países amazônicos – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela – uma substituição às Metas do Milênio que expiram em 2015 sob o risco de a Amazônia viver um colapso ecológico.
“O grande alerta da Amazônia está associado à utilização das riquezas de forma sustentável para evitar que entre em colapso. Para 2020, é possível termos desmatamento zero para que a Amazônia possa continuar a ser provedora de serviços para a humanidade. Ainda dá tempo”, afirmou Claudio Maretti.
Se mantida a tendência atual de desmatamento e incêndios florestais, a Amazônia terá cerca de um terço a menos de vegetação em 2030, segundo a WWF. Esse quadro pode ser ainda mais aprofundado em 50 anos, quando o maior bioma do planeta chegará, em 2080, com menos de 10% da floresta original, segundo projeções da Perspectiva Mundial sobre Diversidade Biológica (Global Biodiversity Outlook).
A Amazônia possui a maior floresta tropical úmida, representa 6% da superfície terrestre e ocupa 40% do território da América Latina e Caribe. Lá vivem 38,7 milhões de habitantes, além de 40 povos indígenas que falam quase 90 línguas diferentes.
Segundo garantiu a vice-ministra do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, Adriana Soto, após a Rio+20, aagenda conjunta de trabalho entre os países amazônicos será aprofundada.
“Trabalhamos com os países amazônicos no marco da OTCA onde todos aprendemos as experiências vividas em cada país e como manejar a pressão de expansão agropecuária na região e os problemas de mineração ilegal, uma dos maiores ameaças que temos no território colombiano”, disse à IPS Soto.
Segundo a representante do ministério colombiano, os principais fatores de desmatamento na Amazônia colombiana, são os incêndios florestais, o corte ilegal de madeira, a criação de gado e a mineração ilegal que é “similar em complexidade” ao narcotráfico que atua na região.
“No caso colombiano, boa parte da mineração ilegal financia grupos à margem da lei. Temos uma declaração dos povos amazônicos e é possível que tenhamos modelos de gestão que estamos organizando, como uso dos produtos das florestas para que seus habitantes tenham uma alternativa diferente a estes motores de desflorestação”, ressaltou Adriana Soto.
A Consolidação Amazônica (COAMA), iniciativa colombiana que há 20 anos defende a gestão dos territórios amazônicos pelos povos indígenas defende o estabelecimento próprio de objetivos para a região amazônica de acordo com às especificidades das culturas e em respeito aos conhecimento tradicionais dos povos da floresta.
O antropólogo Martin Von Hildebrand da Fundação Gaia Amazonas, integrante da COAMA, defende a formulação de metas consensuadas com as populações indígenas.
“Defendemos o combate à fome, maior igualdade de gênero, acesso à educação e à saúde, mas as metas devem ser definidas escutando os próprios povos indígenas”, afirmou Von Hildebrand. (TerraViva)
(FIM/2012)