FabĂola Ortiz
Rio de Janeiro, 13/6/2012 (TerraViva) Após 20 anos da Rio92, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, começou nesta quarta-feira, dia 13 de Junho, no Rio de Janeiro com o desafio de discutir as lições aprendidas há duas décadas e as tarefas que vão orientar as negociações para se chegar a uma declaração em prol do desenvolvimento sustentável, com aplicações concretas.
Segundo disse a TerraViva, o coordenador da Iniciativa AmazĂ´nia Viva da Rede WWF, Claudio Maretti, em uma das primeiras atividades da ConferĂŞncia, a grande expectativa Ă© que a Rio+20 saia com os objetivos do desenvolvimento sustentável. “A grande esperança Ă© que a gente tenha, pelo menos, os objetivos da segurança alimentar baseada numa agricultura sustentável, segurança hĂdrica e energĂ©tica”, afirmou.
A governança dos oceanos, o melhor planejamento e gestĂŁo das cidades para menor consumo tambĂ©m sĂŁo pontos que devem ser incluĂdos na lista de metas. “É fundamental diminuir a exploração de recursos naturais. Segurança alimentar Ă©, por exemplo, garantir a produção de alimentos sem devastar o meio ambiente e manter o equilĂbrio climático”, explicou Maretti.
A maior parte da população mundial de 7 bilhões de pessoas está concentrada nos centros urbanos. Os hábitos de consumo demandam um planeta e meio, se o consumismo continuar neste ritmo, em 2020, serĂŁo necessários dois planetas para dar conta da população de apenas um. “A gente está entrando numa dĂvida, isso nĂŁo Ă© sustentável”, admitiu Maretti.
Como uma das primeiras atividades da ConferĂŞncia, a Rede WWF lançou a publicação trilĂngue – inglĂŞs, portuguĂŞs e espanhol – do documento “Rio 92, para onde foi? Rio+20 para onde vai?”.
A ConferĂŞncia de 92, para o cientista polĂtico Eduardo Viola, foi um momento de grande expectativa e uma cĂşpula marcante na humanidade, pois se tratava pela primeira vez de discutir os problemas globais. “Criou-se uma consciĂŞncia dos problemas ambientais e definiram-se parâmetros normativos sobre como a humanidade poderia reagir. Os problemas da humanidade estĂŁo muito mais agravados e esta atual ConferĂŞncia nĂŁo tem como avançar alĂ©m de declarações genĂ©ricas de boas intenções”, discutiu Viola.
Segundo o intelectual, “muito provavelmente” em termos intergovernamentais, a Rio+20 será um fracasso. Uma vez que as superpotências ambientais e econômicas não demonstram empenho. A União Europeia está imersa em sua crise econômica que ameaça a sua própria existência, enquanto um terço da população norte-americana é “radicalmente contra” mudança dos padrões e a China continua com emissões explosivas. Em 1992, o dragão oriental emitia 8% das emissões globais da carbono, atualmente a China representa 26% da fatia de emissões planetárias.
Já o embaixador Flavio Perri que, em 1992, foi secretário executivo do grupo de trabalho brasileiro, que organizou a conferĂŞncia, defende um novo indicador para registrar o custo ambiental, uma espĂ©cie de PIB ambiental. “Um Ăndice novo que nos dĂŞ transparĂŞncia no processo produtivo, que envolvesse o PIB (Produto Interno Bruto), o IDH (ĂŤndice de Desenvolvimento Humano) e um Ăndice de desgaste ambiental”, afirmou. (FIN/2012)